Armen Mamigonian
Armen em Janeiro de 2005,
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Armen
Mamigonian nasceu
Durante
vários anos depois de formado me considerei aprendiz de geógrafo, tendo chegado
à condição “adulta” em função;
1) Do
magistério em geografia humana na antiga faculdade Catarinense de Filosofia,
onde comecei em 1958,
2) Do
doutoramento em Fitrasburgo, concluído em 1962 e
3) Da
experiência nos trabalhos de campo durante as reuniões anuais da Associação dos
Geógrafos Brasileiros – AGB, culminando com a direção da equipe de estudos
urbanos, na reunião de Blumenau, em 1966.
Antes
de cursar o primário seu interesse foi despertado por um minucioso mapa da
Europa pregado na parede da sala de jantar, na qual seu pai acompanhava a
Segunda Guerra Mundial. Nele descobriu que Portugal ficava na Europa, coisa que
não podia entender, pois Campo Grande se falava de Portugal com tanta familiaridade,
que para mim esse país tinha que estar geograficamente próximo do Brasil.
Disse
Armen no memorial da Livre Docência; “Ficava horas vendo o mapa, descobrindo a localização dos países, rios,
cidades, etc. Logo depois, descobri na biblioteca municipal os atlas
geográficos, enciclopédias e livros e passei também a me interessar pela
história. Meus professores de geografia e história no ginásio e colégio foram
muitos bons e até hoje não me esqueci de suas aulas.”
GEOGRAFIA
E HISTÓRIA E O AMBIENTE DA FFCL (1953-58)
Para
Armem, o curso de Geografia e História teve a vantagem de permitir o contato
inicial com disciplinas muito diversificadas, ministradas por professores de
alto nível: Antropologia (E. Schaden), Geologia (V. Leinz), Geomorfologia (
Aziz Ab’Sáber), História do Brasil ( S. Buarque de Holanda), etc., além da
possibilidade de assistir palestras de professores visitantes ( P. Monbeig, V.
Magalhães Godinho, M. Sorre, P. George, etc.), assim como defesas de
doutoramento (Aziz Ab’Sáber, Antonio Candido, etc.)
“Nem todos os professores eram
estimulantes e nem todas as necessidades estavam suficientemente atendidas.
Assim, ajudei a fundar e fui o primeiro presidente do Centro de Estudos
Capistrano de Abreu, que promovia em comum acordo com os professores, mais
dinâmicos, excursões e trabalhos de campo em Santos, Hu, Ribeirão Preto, Belo
Horizonte. Em 1954 participei, pela primeira vez, da assembléia anual da AGB
(Ribeirão Preto), integrando a equipe dirigida pelo geógrafo alemã radicado em
Curitiba, R’Maack, tendo acompanhado durante três dias as pesquisas de
geomorfologia, ao longo de um itinerário de 150 quilômetros. Ao final de cada
dia de trabalho os participantes se sentavam e cotejavam os dados referentes às
distâncias, altitudes, rochas encontradas em cada parada, seus mergulhos e
direções, com aos quais desconchavam perfis geológico/geomorfológicos e assim
passei a entender como “nasciam” os blocos geomorfológicos que tanto me
impressionavam nos livros. Naquela época o maior dinamismo dos professores de
geografia em relação aos de história, acabava atraindo a maioria dos alunos.”
Concluída
a graduação, se especializou em Geografia e fez concurso no magistério
secundário de São Paulo (1957), tendo lecionado no interior do Estado no
colégio estadual e Escola Normal José Alves Mira,
Primeiros trabalhos:
1)
“Estudo de uma quadra antiga da cidade de
Florianópolis”, apresentado na assembléia da AGB, em Viçosa-1959, publicado nos
anais; fui encarregado do estudo de dois “patrimônios reais”, na equipe
dirigida pela profª E. Keller.
2)
“Estudo geográfico de Brusque-SC, apresentado na
AGB de Mossoró-RN (1960), publicado no boletim Carioca de Geografia, ano 13,
1960 e apresentado como dissertação de especialização em Geografia-USP: fui encarregado
do estudo das indústrias da cidade de Mossoró, na equipe dirigida pelo prof. M.
Santos.
3)
Capitulo “Habitat” (mapas e textos), do Atlas
geográfico de Santa Catarina, dirigido pelo profº A Figueiredo Monteiro,
publicado pelo DEGC/CNG, Florianópolis, 1960.
AGB e suas assembléias anuais:
1)
Poços de Caldas-MG, em 1964, onde apresentou a
comunicação “Metodologia da Geografia industrial, publicada nos anais e dirigiu
o levantamento das indústrias na equipe urbana”;
2)
Rio de Janeiro,
em 1965, apresentou como membro convidado, comunicação ao simpósio de geografia
das indústrias: “Localização industrial no Brasil: metodologia e exemplos”
(Boletim Paulista de Geografia, nº. 5) e comunicação ao simpósio de geografia
regional: “organização urbana do Vale do Itajaí”, publicada nos anais.
3)
Blumenau, em 1966, tendo sido elevado à condição
de sócio efetivo da AGB, dirigiu a equipe “Função regional de Blumenau”
(relatório mimeografado).
Neste
período de batismo profissional (1958-1966), tendo em vista o significado do
processo de industrialização no Brasil, acabou optando pelos estudos
geográficos das indústrias e seus estudos permitiram a definição de
características regionais específicas do processo industrial e urbano (rede de
cidades) e contribuído para o debate que então se travava para a definição de
características do sul do Brasil (A Barros Castro, P. Singer, etc.).
A
EXPERIÊNCIA NA AGB E A RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA
Participou
de várias assembléias da AGB como aluno de graduação (Ribeirão Preto – 1954) e
aprendiz de geógrafo (Santa Maria-RS, 1958; Viçosa-MG, 1959; Mossoró_RN, 1960;
Poços de Caldas-MG, 1964; Rio de Janeiro, 1965; Blumenau-SC, 1966). Naquela
época os encontros anuais da AGB desempenhavam papel fundamental, pois eram mais
produtivos e democráticos que os cursos de geografia existentes nas
universidades e realizava treinamentos de campo e debates de comunicações e
relatórios de pesquisas in-loco e constituíam a verdadeira pós-graduação então
existente no Brasil. Assistiu e depois participou de debates, freqüentemente
duros, estimulantes e francos que envolveram J. Dias da Silveira, Aziz
AB’Sáber, M. Correa de Andrade, L. Bernardes, J. Ribeiro de Araújo Fº., Rua
Lobato Corrêa, etc. Dado o dinamismo da AGB, continuei levando ao seu fórum de
debates minhas pesquisas:
1)
Franca-SP, em 1967, na equipe da profª M.
Mesquita, foi responsável pelo estudo das indústrias de calçados e apresentou,
como membro convidado da mesa redonda sobre organização regional do Brasil, a
comunicação “Rede urbana de Santa Catarina”, publicada na revista Orientação,
USP, nº 2, 1966;
2)
Montes Claros-MG, em 1968, apresentou as
comunicações “Energia elétrica
3)
Vitória-ES, em 1969, participou da equipe do
professor Roberto Lobato Corrêa, tendo sido responsável pelo estudo das
indústrias da Grande Vitória e apresentou a comunicação “Tendência recentes das
indústrias
A
reforma estatutária de 1970 não enfrentou problemas e assim no 1º Encontro
Nacional de Geógrafos,
A
crise da AGB manifestou-se mais agudamente no 4º ENG em 1978 em Fortaleza, de
onde saiu deliberação para realizar em 1979
Apresentou ainda comunicações
nos seguintes encontros nacionais:
1)
Porto alegre-RS (6º ENG), 1982, “Tecnologia e
desenvolvimento desigual no centro do sistema capitalista”, publicada na
revista C. Humanas-UFSC, nº 2, 1982 e com modificações em Interfaces,
IBILCE-UNESP, 1982,
2)
Campo Grande-MS (8º ENG), 1986, “Industrialização
da América Latina, o caso brasileiro”, publicado em Orientação-USP, nº 8, 1988
e em resumo nos anais.
Tendo
vivenciado a AGB desde 1954, Armem tem se aproveitado muito dela como escola de
sua própria formação, vem contribuindo muito para formação e o fortalecimento
da AGB. Principalmente nas assembléias após 1965-66 para a formação de novos
geógrafos e ter participado nas transformações recentes, como sua contribuição
no Manifesto do 6º Congresso Brasileiro de Geógrafos em julho de 2004 em
Goiânia na UFG, ajudando na sua renovação em direção a uma geografia
pluralista.
Desde 1970
Escreveu dezenas artigos e
nos últimos anos de pesquisa dedica-se a questões da epistemologia da Geografia
Industrial. Sua linha de pesquisa atual é: " O
Parque Industrial Brasileiro: reconversões estruturais (São Paulo e Santa
Catarina)".
Breve Bibliografia:
MAMIGONIAN, A. BPG nº 50. O processo de industrialização em São Paulo. São Paulo: AGB-SP, 1976, p. 83-102.
MAMIGONIAN, A. Marxismo e “Globalização”: As origens da Internacionalização Mundial. In: SOUZA, Álvaro José de et. all (org.). Milton Santos Cidadania e Globalização. Bauru: Saraiva, 2000. P. 95-100.
MAMIGONIAN, A. Cadernos Geográficos nº. 2. Teorias Sobre a Industrialização Brasileira. Florianópolis: EDUFSC, 2000.
MAMIGONIAN, A. Cadernos Geográficos n 6. A Escola Francesa de Geografia e o papel de A. Cholley. Florianópolis: EDUFSC, 2003.
MAMIGONIAN, A.: Geosul nº 3. Introdução ao pensamento de I. Rangel, Florianópolis: Editora da UFSC, 1985.
MAMIGONIAN A. Geosul nº 28: Gênese e objeto da Geografia: passado e presente. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999, p.167-170.
MAMIGONIAN A. Geosul nº 28: Tendências atuais da Geografia. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999, p.171-178.
MAMIGONIAN A. Revista de Geografia (UNESP). Crise Econômica, Crise Mundial e a Questão Tecnológica. São Paulo: Ed. Unesp, 1991, p. 107-109.
MAMIGONIAN, A. Kondratieff, Ciclos Médios e Organização do Espaço. In: Geosul, Florianópolis: v. 14, n.º 28, p. 152-157, jul./dez. 1999.
MAMIGONIAN, A. Ciclos econômicos e organização do espaço. São Paulo: USP, 1993. Fotocopiado.
MAMIGONIAN, A. Ciência Geográfica Volume X nº2. O Enigma Brasileiro Atual: Lula será devorado? Bauru: AGB, 2004, p. 127-131.
MAMIGONIAN, A. Revista Paranaense de Geografia, Ano VI nº. 6. Neoliberalismo x Projeto Nacional do Mundo e no Brasil. Curitiba: AGB, 2001, p. 15-23.
MAMIGONIAN, A. CENEGRI Ano I nº. 1. Imperialismo, universidade e pensamento crítico. Rio de Janeiro: CENEGRI, 2004, p. 1-8.
MAMIGONIAN, A. Marxismo e Globalização: as origens da Internacionalização mundial. São Paulo: 1991. Fotocopiado.
MAMIGONIAN, A. Revista da ADUSP n.º 18. Neodarwinismo social e múltiplas tensões no capitalismo em crise. São Paulo: Edusp, out. de 1999.
MAMIGONIAN, A. Qual o futuro da América Latina? Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
MAMIGONIAN, A. A geografia e “A formação social como teoria e como método”. Texto apresentado no Seminário Internacional: O Mundo do cidadão Um Cidadão do Mundo. Na USP em setembro de 1996.